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A contribuição dos negócios para a Agenda 2030 ainda não está no caminho certo, aponta estudo de Pacto Global e Accenture

Com uma década restante ainda para endereçar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, CEOs clamam por ações ambiciosas para uma contribuição correta do setor privado

São Paulo, 24 de setembro de 2019 — CEOs dizem que a contribuição do setor privado para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ainda não está no caminho certo, de acordo com o maior estudo mundial de sustentabilidade corporativa do Pacto Global das Nações Unidas e Accenture.
Lançado na semana passada em Nova York, o UN Global Compact-Accenture Strategy 2019 CEO Study – The Decade to Deliver: A Call to Business Action – indica que apenas 21% dos chefes executivos acreditam que os negócios têm um papel importante na contribuição dos Objetivos Globais, e menos que a metade (48%) estão integrando a sustentabilidade nas suas operações. Apesar dos pequenos avanços e inovações desde que os ODS foram criados em 2015, incertezas socioeconômicas, geopolíticas e tecnológicas durante os últimos quatro anos distraíram os CEOs de seus esforços para a sustentabilidade.
O estudo expressa o pensamento de mais de mil CEOs de diversas organizações de liderança no mundo. Junto com o UN Global Compact Progress Report 2019, que ouviu quase 1,6 mil empresas em pelo menos 100 países, é formado um imaginário robusto e inteligível da contribuição dos negócios para a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.
“Com menos de quatro mil dias restantes até 2030, líderes de negócios não estão contentes com os atuais progressos e estão movimentando seus setores e pares para se posicionarem e transformarem o compromisso em ação”, disse Lise Kingo, CEO e Diretora Executiva do Pacto Global. “A escala de desafio é sem precedentes e requer que todos os parceiros, incluindo governos, tomadores de decisão, líderes de negócios, investidores, cadeia de fornecimento, sociedade civil e academia trabalhem juntos para acelerar as mudanças. Nós estamos confiantes de que a mudança está vindo e se agrada com o fato de que 87 empresas anunciaram o compromisso com um futuro 1,5ºC”.
 
Uma década para endereçar os Objetivos Globais
Momentos brilhantes de progresso mundial foram vistos durante o período de quatro anos desde que os 17 ODS foram estabelecidos. Por exemplo, a população global está vivendo melhor e a mortalidade infantil diminuiu. Contudo, os avanços dos Objetivos Globais foram lentos ou, até mesmo, retrocederam. Atualmente, 700 milhões de pessoas ainda vivem em extrema pobreza, mais de 170 milhões de pessoas se mantêm sem empregos e mais de 79 milhões buscam refúgio. Fome, eventos climáticos extremos, superpopulação, secas, violências de gênero e o crescimento de conflitos armados e extremismos continuam a definir nossas vidas.
O setor privado deve agir em direção a uma transformação positiva. CEOs dizem que uma mudança na expectativa do público encoraja os empresários a buscarem a sustentabilidade a fim de gerar confiança e competitividade nos seus mercados.
“Com a sustentabilidade integrada à competitividade em cada organização – e aumentando sua importância nos momentos de crescimento, lucratividade e confiança – chegou a hora de líderes garantirem o vínculo sólido dos Objetivos Globais à estratégia corporativa e aos propósitos das empresas”, disse Peter Lacy, Diretor Sênior de Gestão da Accenture. “A tecnologia pode ser uma chave para desbloquear o progresso dos Objetivos Globais. A velocidade das inovações digitais, biológicas e físicas continuará a ser enorme na próxima década, e negócios devem alinhar os investimentos aos novos resultados da globalização ambiental, social e de governança”.
 
Desafios para o ambiente de negócios
Atualmente, 99% dos CEOs consultados disseram que a sustentabilidade é necessária para o futuro bem-sucedido de suas organizações, e 81% das empresas estão agindo para progredir com os Objetivos Globais. Mais de 200 empresas que responderam a pesquisa aprovaram as metas baseadas em ciência para a ação climática, e um número similar se comprometeu com a redução das emissões de Gás de Efeito Estufa (GEEs) até um nível zero em 2050. Além disso, 63% vê a tecnologia como um acelerador principal do impacto socioeconômico de suas companhias.
Contudo, esses compromissos falham na hora de endereçar os pontos necessários para atingir os ODS. CEOs dizem que a ações dos negócios não estão à altura do desafio ou da ambição corporativa requerida. Mais de um quarto (28%) cita “falta de incentivo do mercado” como o principal obstáculo para os negócios sustentáveis, e mais da metade (55%) diz enfrentar um dilema importante entre os custos de produção em curto prazo e o investimento em objetivos estratégicos em longo prazo. Apenas 44% dos CEOs acreditam que um futuro sem emissões está no horizonte das suas empresas nos próximos 10 anos.
 
Dando início a uma década de contribuição
Pelo menos três quartos (71%) dos CEOs acreditam que, com um aumento no compromisso e na ação, negócios podem conquistar um papel crucial na contribuição aos Objetivos Globais.
Para acelerar o progresso, CEOs identificam três questões críticas. Primeiro, uma necessidade urgente de elevar a ambição corporativa dentro das organizações, para que elas priorizem ações que reforcem os 17 ODS. Segundo, a necessidade de empresas, governos, reguladores e organizações não-governamentais se juntarem e criarem soluções conjuntas para os desafios globais que sejam realistas, tecnológicas e baseadas em ciência.  E terceiro, redefinir a responsabilidade das lideranças na hora de ajudar outras empresas a endereçar os Objetivos Globais.
 
O futuro da liderança responsável            
Para que empresas progridam rumo a um futuro mais sustentável, CEOs destacam as qualidades de liderança que são essenciais para o sucesso:
1.      Ser pioneiro do lucro com propósito: O aumento das expectativas dos consumidores, empregados e o público está posicionando novas demandas paras que as lideranças corporativas garantam um futuro sustentável. CEOs líderes devem olhar para além dos lucros em curto prazo e perseverar por uma cultura de responsabilidade e transparência. Para isso, é necessário alinhar a sustentabilidade às estratégias chave dos negócios, operações e investimentos em inovação e tecnologia.
2.      Galvanizar ecossistemas: CEOs devem se engajar em um ecossistema de parcerias e tecnologias que busque soluções para os ODS. Considerando a natureza e a complexidade dessas questões, a liderança baseada na ciência pode prestar um papel crucial ao endereçar ações e impactos, assim como aplicar tecnologias que instiguem mudanças.
3.      Compromisso pessoal com a sustentabilidade: Líderes responsáveis levam a sustentabilidade para o lado pessoal e avançam ativamente na economia circular, direcionando pessoas a prestar contas com a sustentabilidade, estimulando discussões com investidores e liderando mudanças positivas com autenticidade e integridade.
Confira o relatório completo aqui.