O projeto, que promove a capacitação e inserção de refugiadas no mercado de trabalho brasileiro, pretende atender 50 mulheres em situação de refúgio este ano.
O projeto, que promove a capacitação e inserção de refugiadas no mercado de trabalho brasileiro, pretende atender 50 mulheres em situação de refúgio este ano.
Por: Mateus Ferreira
O encontro de cerca de 30 mulheres refugiadas no Grupo Mulheres do Brasil, em São Paulo, no dia 08 de agosto, marcou o início da terceira edição do Empoderando Refugiadas – projeto da Rede Brasil do Pacto Global, ACNUR e ONU Mulheres – que promove a inserção de mulheres em situação de refúgio no mercado de trabalho brasileiro. No evento de abertura, as refugiadas receberam instruções sobre o programa e escutaram relatos de participantes das edições passadas.
A previsão este ano é de atender 50 mulheres, em uma programação que envolve oito sessões de coaching e quatro workshops, realizados por representantes de empresas parceiras do projeto, que esse ano são ABN AMBO, Carrefour, Facebook, Pfizer, Renner e Sodexo. A programação prevê, além dos treinamentos, mentoria individual com objetivo de guiar a carreira profissional das refugiadas no Brasil.
O projeto, que já atendeu mais de 80 mulheres nas edições passadas, vai além da colocação no mercado de trabalho e restabelece as habilidades profissionais e a autoestima das mulheres em um novo país. “É como uma sessão de terapia. Ouvir que as mulheres podem, que são fortes, me fez acreditar que consigo seguir meus sonhos novamente”, afirmou Prudence, natural da República Democrática do Congo, participante da primeira edição do Empoderando Refugiadas.
Prudence relata sua experiência com o Empoderando Refugiadas para as novas participantes do projeto. (Foto: Fellipe Abreu)
Lúcia, de 20 anos, é graduada em Recursos Humanos e ingressou no mercado de trabalho na edição passada do projeto. Hoje, também estuda Psicologia Organizacional para complementar sua formação. “O Empoderando Refugiadas me ajudou a ser mais independente, responsável, além de ter me ensinado a lidar com o estresse psicológico do refúgio. Esquecer o passado e pensar no futuro.”
A maioria das mulheres atendidas pelo programa este ano são da República Democrática do Congo, Venezuela e Síria, com formações profissionais e histórias diversas. Verônica Moreno, venezuelana que participa da edição 2018 do projeto, está há 10 meses no Brasil e espera conseguir uma colocação em sua área de atuação. “Meu primeiro objetivo é me estabelecer com prosperidade no Brasil. Para isto, preciso conseguir um emprego estável e gostaria de atuar como coach”.
A venezuelana, que além de coach, trabalhou como engenheira de telecomunicações em seu país, destaca que é doloroso deixar o seu local de origem. “Precisei entender que isto também é um processo de aprendizado, de resignificar as raízes, de amar meu país, de me tornar um novo ser. Apesar disso, me sinto muito grata com o Brasil, que abriu as portas novamente.”
O processo de seleção das refugiadas
Todo o processo de seleção das refugiadas para o projeto é feito pelo Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados (PARR), que avalia cada caso e ainda presta assistência às mulheres na formulação de seu curriculum profissional no novo país. O programa busca diversidade no perfil das participantes, que têm formações e objetivos de carreira diferentes.
No evento de abertura da terceira edição, as refugiadas se apresentaram e já escolheram quem serão suas coaches – responsáveis pelo processo de mentoria individual – durante as outras etapas do projeto. Ainda é prevista a adesão de mais mulheres durante as próximas etapas.
O Empoderando refugiadas também conta com o apoio das intituições Caritas, Consulado do Brasil, Fox Time Recursos Humanos, Grupo Mulheres do Brasil, e Migraflix.