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Rede Brasileira do Pacto Global reforça compromisso com a ONU para o avanço do desenvolvimento sustentável

Transparência, ética e disposição para atuar em parceria foram as principais mensagens do Encontro Anual da Rede Brasileira do Pacto Global 2014, realizado em 4 de novembro no Expo Transamérica, em São Paulo.

Transparência, ética e disposição para atuar em parceria foram as principais mensagens do Encontro Anual da Rede Brasileira do Pacto Global 2014, realizado em 4 de novembro no Expo Transamérica, em São Paulo. Ao longo do dia, cerca de 200 representantes de empresas e organizações signatárias da iniciativa debateram temas como liderança e inovação, reafirmando o compromisso do setor empresarial do país com as Nações Unidas na construção de um modelo de desenvolvimento mais justo e sustentável.

Georg Kell, à esquerda, e Jorge Chediek, Georg Kell, Renata Seabra e Armando Tripodi, acima.
 
“Nenhuma empresa sozinha muda o mundo. Mas se aquelas com valores próximos se unem, obtêm poder para a mudança que buscamos”, destacou Georg Kell, diretor executivo do United Nations Global Compact. Para ele, essa aproximação é um dos resultados do Pacto Global. “Cabe às organizações trabalharem juntas em temas fundamentais como o empoderamento das mulheres, a erradicação do trabalho infantil e o combate à corrupção”, disse Kell.
A expectativa quanto à atuação responsável por parte das empresas também foi reforçada por Jorge Chediek, coordenador-residente da ONU e representante-residente do PNUD no Brasil. Para ele, uma economia que cresce só faz sentido se igualmente impulsiona o desenvolvimento humano e melhora a qualidade de vida das pessoas. “As empresas serão as responsáveis pelas tecnologias que mudarão o paradigma de produção para formas mais limpas e eficientes”, exemplificou.
Inovação para a sustentabilidade
“A tecnologia sozinha não resolve problemas. Mudanças só acontecem em rede”, disse o palestrante convidado Silvio Meira, presidente do Conselho de Administração do Porto Digital, em Recife, que abordou a relevância da inovação para a construção de comunidades mais sustentáveis.
Em uma animada conversa com o público, Silvio mostrou que inovação depende, ao mesmo tempo, de estrutura tecnológica e pessoas com boa formação cultural e educacional dispostas em ambientes sociais e institucionais que incentivem investimentos em novidades. É preciso até mesmo abertura e diversidade para que essas pessoas possam arriscar. Segundo Meira, “inovação é meio, não fim”, e a ética deve permear todas as nossas ações, seja como pessoas físicas ou jurídicas.

Silvio Meira em palestra sobre inovação
O papel das corporações enquanto drivers de mudanças nos próximos anos também foi destacado por Renata Seabra, diretora executiva da Rede Brasileira do Pacto Global. Ela observou que 2015 será um ano histórico para a sustentabilidade. Além da 21a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 21) em Paris, será o prazo final para a definição dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a discussão dos seus mecanismos de financiamento. “Empresas podem colaborar com essas definições, já que possuem experiência em planejamento estratégico e busca pela eficiência.”
O Pacto Global busca motivar esse tipo de colaboração e compromisso, sendo também um instrumento para levar a cultura da sustentabilidade a todos os níveis da organização. É o que afirmou Armando Tripodi, vice-presidente da Rede Brasileira do Pacto Global e gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras.
Profissionais de sustentabilidade

Painel Lideranças, com João Redondo, Clarissa Lins, Carlos Nomoto e Alexandre Mac Dowell
Quem esteve no Encontro Anual da Rede Brasileira do Pacto Global teve a chance de aprender um pouco mais sobre o trabalho de quem atua nas áreas de sustentabilidade e responsabilidade socioambiental dentro das empresas.
O painel Lideranças em Sustentabilidade: como fazer a diferença foi mediado por Alexandre Mac Dowell, diretor-presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Sustentabilidade (Abraps), e apresentou exemplos práticos do dia a dia.
Ao narrar sua trajetória até que chegasse ao cargo de gerente corporativo de Sustentabilidade da Duratex, João Redondo comentou que uma das características que o profissional deve ter é a paciência. “Investir em sustentabilidade nas empresas exige resiliência e capacidade de muito diálogo e articulação entre diferentes áreas”, disse.
O grande desafio é, portanto, pautar ações e a importância do longo prazo em um setor que visa resultados imediatos. “Para um executivo, urgente é o trimestre à frente, enquanto a sustentabilidade exige visão de futuro distante”, ressaltou Redondo. No caso da Duratex, foram necessários oito anos de trabalho contínuo até estruturar a área em que ele atua hoje.
O diretor sustentabilidade do Santander Carlos Nomoto concordou e afirmou que “enfrentamos problemas de curto prazo hoje porque não havíamos pensado no longo prazo ontem”.
Clarissa Lins, fundadora da Catavento, trouxe ao debate a experiência de quem atua ajudando companhias a incorporar a sustentabilidade nas estratégias de negócio. Ela destacou que é preciso “falar na linguagem das pessoas e das empresas”. Para isso, nada de códigos, siglas ou termos técnicos quando o objetivo é mostrar a importância da sustentabilidade.
Redondo foi otimista sobre o aumento da importância das área de sustentabilidade nas empresas, pois considera que os CEOS e executivos têm valorizado cada vez mais o tema. “Hoje até clientes e investidores demandam que atenção seja dada ao assunto. Isso tem auxiliado a nós, profissionais em sustentabilidade, a termos mais espaço para atuar”.
Workshop Arquitetos de um mundo melhor
O Workshop sobre a plataforma Arquitetos de um Mundo Melhor encerrou a programação do dia. A mediadora Natalia Uliana, da United Nations Global Compact, destacou que a plataforma busca promover o desenvolvimento sustentável por meio de ação, colaboração e co-investimento entre diferentes atores. “É como uma rede de apoio para que as mudanças possam ser feitas nas empresas”, disse.
A plataforma servirá de referência para a atuação empresarial após a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que formarão a agenda das Nações Unidas para os próximos 15 anos a partir de 2015. Para Marcos Neto, diretor de Setor Privado e Fundações da UNDP, essa agenda será muito mais complexa do que a estabelecida durante a busca pelos Objetivos do Milênio. A proposta atual dos ODS já possui 17 itens com 169 indicadores. E nisso está mais uma razão para a articulação entre setor público, privado e sociedade civil.
“A responsabilidade social clássica – de que, quando um negócio dá lucro, usa-se esse dinheiro para investir nas áreas sociais – não será mais suficiente”, afirmou Neto. “O que as organizações terão que entender agora é como irão promover o fim da pobreza ao mesmo tempo em que buscam o lucro. Isso demandará novos modelos de negócios, incentivos de governo e do capital financeiro. Também a sociedade civil terá um papel diferente, como impulsionadora e apoiadora de boas ações.”
A importância de um novo modelo de educação, focado no líder do futuro, também foi lembrada por Norman Arruda, CEO do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE/FGV). A instituição lidera o capítulo brasileiro do Principles for Responsible Management Education – PRME, iniciativa do Global Compact.
Um exemplo prático de alinhamento ao desenvolvimento sustentável ainda foi apontado por Heloisa Covolan, coordenadora de Responsabilidade Social da Itaipu Binacional e VP da Rede Brasileira do Pacto Global. Desde 2003, a companhia possui um programa de igualdade de gênero com foco no empoderamento das mulheres e, este ano, realizou a primeira edição no país do Prêmio WEPs – Women Empowerment Principles.
Glaucia Terreo, da Global Reporting Iniciative (GRI), falou sobre o bloco de transparência na Arquitetura para o engamento empresarial. Ela destacou que as grandes corporações podem incentivar as pequenas e médias empresas a adotarem o relato integrado. “Toda empresa já faz um relório financeiro. A ideia é apenas complementar esses documentos com as ações socioambientais”, concluiu.
Como estímulo à sustentabilidade, as emissões de gases de efeito estufa referentes à realização do Encontro Anual – tais como resíduos produzidos, consumo de energia elétrica, viagem dos participantes – serão mensuradas e compensadas com apoio da Eccaplan. Caso tenha participado do evento, acesse aqui a calculadora de emissões e avalie também sua pegada de carbono.
Confira depoimentos de participantes do Encontro Anual

“O encontro foi importante porque os 10 Princípios do Pacto Global passam a ser mais palpáveis, e é uma boa oportunidade de ouvir o que as outras empresas têm feito, os projetos em desenvolvimento e como aplicam os princípios no dia a dia dos negócios.” – Rachel Arruda, da  empresa farmacêutica Daiichi Sankyo
“O legal é que nesses encontros vemos que não precisamos inventar a roda. Temos que aproveitar o que temos em nossas instituições e colocar em prática, sem precisar buscar conceitos muito complexos e longe do nosso dia a dia.” – Fabio Deboni, gerente-executivo do Instituto Sabin
“Percebo três níveis que foram acessados no evento. Tratamos de um nível mais local: cada vez que ouvimos o relato de outra empresa, pensamos em nossa própria.  Há um nível mais global: quando você ouve o Georg Kell falar sobre os desafios das companhias, dos ODS, pensa em como sua empresa no setor em que está inserida pode contribuir para o assunto, e reflete sobre como você está trabalhando para isso. Por fim, pudemos refletir questões mais pessoais: pensando sobre o nosso trabalho e como isso tudo nos inspira a continuar trabalhando – e até mudar algumas ideias  e posicionamentos. Participar desse evento foi uma chance de repensar nesses três planos que fazem parte de nossas vidas.” – Lisângela da Costa Reis, Furnas
Por Rede Brasileira do Pacto Global, com colaboração de Thaís Herrero
Fotos: Fellipe Abreu/ Pacto Global