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Plataforma de adaptação às mudanças climáticas amplia o envolvimento do setor privado com o tema

Especialistas comentam plataforma Adaptaclima e o tema de Adaptação em evento.

Por Maria Garcia
A apresentação da Plataforma AdaptaClima para as empresas nesta sexta-feira (10), na sede da Fiesp, amplia a possibilidade de discutir medidas de Adaptação no setor privado brasileiro. Previstas no Acordo de Paris e reforçadas na Conferência das Partes (COP) 2017, as medidas de adaptação incentivam organizações dos setores público e privado a refletir se suas estruturas estão preparadas face às mudanças climáticas. A ferramenta do Ministério do Meio Ambiente (MMA) foi criada para prover informações e conectar indivíduos rumo a uma agenda coordenada de Adaptação, permitindo que empresas diminuam riscos que afetam a competitividade e gerem oportunidades de negócios. O evento foi realizado pela Iniciativa Empresarial em Clima (IEC), coalização de redes empresariais que promove webinars e palestras sobre o tema e cuja secretaria executiva é a Rede Brasil do Pacto Global.
No Plano Nacional de Adaptação (PNA), lançado em 2016 pelo Ministério do Meio Ambiente, o governo federal traçou estratégias em diversos eixos da sociedade (Agricultura, Cidades, Zonas Costeiras, Saúde) baseadas nas previsões de especialistas nas próximas décadas. A alteração gradual e permanente no regime de chuvas, por exemplo, pode ocasionar em mudanças dos ecossistemas e provocar desastres naturais como inundações, causando sobrecarga no sistema público de saúde e migrações forçadas. Essas vulnerabilidades são identificadas pelo MMA para desenhar um quadro futuro dos problemas que podem ser, desde já, lidados por meio de políticas públicas. “Os estudos que reconhecem as regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas são importantes na alocação dos recursos federais”, comentou a coordenadora-geral substituta da secretaria de Mudança do Clima do MMA, Nelcilandia de Oliveira Kamber.
Nesse sentido, a Plataforma AdaptaClima é um canal para o setor privado que sofre com problemas ao acessar as informações e com a falta de articulação com outros empresários e gestores públicos na formação do seu próprio plano de Adaptação. “Com o nosso mapeamento da realidade brasileira, percebemos que os dados não chegavam àqueles que tomam decisões, limitando o alcance das ações ou até levando-as a se sobrepor”, comentou Mariana Nicolletti, pesquisadora no Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV EAESP-FGVces e membro da coordenação da IEC. O objetivo é que as dificuldades sejam reduzidas com um fórum onde empresas podem fazer circular ideias e trocar informações, reivindicando o protagonismo do setor privado no tema.
 
Cases Empresariais
As empresas EDP Brasil e Braskem são algumas das signatárias da Rede Brasil do Pacto Global que contam com planos de Adaptação. A geradora de energia EDP Brasil deu o primero passo ao prever e acompanhar o aumento na frequência e intensidade de tempestades para reagir adequadamente a elas a tempo. Em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a empresa desenvolveu um sistema de monitoramento de suas operações que incorpora dados meteorológicos em tempo real. Em mãos das previsões para 2030, apontando um aumento médio de 30% na incidência de raios na região coberta pela empresas em função do aquecimento global e da expansão da malha urbana, a Edp Brasil já prepara equipes e veículos de manuntenção, realiza ajustes de escalas de trabalho e elabora informações aos consumidores para poder dar um melhor serviço à área afetada.
A partir de um plano com foco em 2040, a empresa Braskem identificou e priorizou em curto, médio e longo prazo potenciais oportunidades e riscos físicos, regulatórios, reputacionais e na cadeia de valor para todas as 36 plantas da Braskem no Brasil, Estados Unidos e Alemanha. O projeto durou cerca de um ano, a um custo total de R$ 150 mil. Foi possível identificar, pelo diagnóstico, que o maior risco físico nos Estados Unidos está associado ao provável aumento da intensidade de furacões; na Alemanha, as chuvas com potencial de inundação são o maior fator de preocupação. Já no Brasil, a maior frequência de secas severas é a principal vulnerabilidade da região. Para cada situação, o Plano aponta recomendações que vão de projetos de engenharia a campanhas de conscientização. Mais informações sobre ambos os cases estão no Caderno do Pacto: Clima – O Brasil Rumo à Economia de Baixo Carbono, lançado pela Rede Brasil do Pacto Global em 2015.
O evento na Fiesp também apresentou cases para se pensar em planejamentos de Adaptação no país. Um deles foi o do Consórcio Intermunicipal da Região Oeste Metropolitana de São Paulo (Cioeste), autarquia reconhecida por 10 prefeituras do estado paulista. A iniciativa mediu a exposição, sensibilidade e capacidade adaptativa das cidades e geraram resultados para os municípios. “Entregamos aos prefeitos as medições de agora e alguns do futuro (2040 e 2099) para que algumas ações já sejam tomadas desde já”, comentou Francisco Maciel, CEO da Cioeste.  Outro case apresentado foi da Comissão Municipal de Adaptação de Mudança do Clima do município de Santos, em São Paulo. O coordenador da comissão, Eduardo Hosokawa, apresentou os resultados de vulnerabilidade climática da região.
 
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