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O que é ser pioneira?

Em crônica, a SDG Pionner 2016, Sônia Favaretto, conta a emoção de ter sido escolhida e faz uma reflexão sobre o seu papel no caminho da paz e da prosperidade mundial.

O Pacto Global lança mais uma edição da premiação voltada para os pioneiros no caminho da sustentabilidade corporativa mundial. O SDG Pioneers reconhece líderes empresariais de signatárias do Pacto Global que contribuíram com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável por meio de projetos no setor privado. Em 2019, terá como foco apenas pessoas com menos de 35 anos. O vencedor da categoria Jovens Profissionais do Prêmio ODS Rede Brasil do Pacto Global será automaticamente finalista da disputa em Nova York.
Abaixo, confira a crônica da atual vice-presidente da Rede Brasil e SDG Pioneer 2016, Sonia Favaretto. A diretora de Imprensa, Sustentabilidade, Comunicação Social e Investimento Social da B3 conta a emoção de ter sido escolhida e faz uma reflexão sobre o seu papel no caminho da paz e da prosperidade mundial. 
 
O que é ser pioneira?
Sonia Consiglio Favaretto
O que é ser uma pioneira? Pergunta inescapável desde que fui reconhecida pelas Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das 10 SDG Pioneers do mundo em junho de 2016, ano inesquecível. Mas, antes até, veio a avalanche de sentimentos. Da incredulidade (eu estava esperando os vencedores serem anunciados para ver o que era necessário melhorar para o próximo ano) à surpresa, gratidão, aceitação, alegria. E desfrute. Sim, porque aquela semana em Nova York foi coisa de filme, de fotos com Ban Ki-moon na Assembleia Geral da ONU a jantar de homenagem no Cipriani, além dos incríveis painéis na Times Square.
Mas a pergunta segue: o que é ser uma pioneira? No dicionário, a definição é “palavra usada para descrever alguém que é o primeiro a abrir caminho por meio de uma região mal conhecida”. Desbravador, descobridor, aquele que prepara os resultados futuros. Isso se relaciona diretamente ao que faço em sustentabilidade há quase duas décadas. Então, sinto-me um pouco mais confortável nesse belo rótulo, acomodo-me melhor nessa “fantasia” e consigo carregar um pouco mais esse importante título.
Para falar a verdade, não sei se Nova York me deixou meio anestesiada ao me mostrar no painel da Reuters ou naquele embaixo da loja do M&M – sem deslumbramento, apenas com uma sensação de “é isso então” -, mas foi somente ao retornar ao Brasil que senti a necessidade de pensar sobre o que tinha acontecido. De assumir a responsabilidade por essa deferência que recebi. Na verdade, as pessoas me lembram mais desse reconhecimento do que eu mesma recordo. Quando me enviam e-mails me nominando e parabenizando; quando meu chefe diz a uma ex-funcionária minha que ela trabalhou com uma das dez melhores do mundo; quando meu time ou o pessoal do mercado me lembram.
Bate uma responsabilidade. Ou aumenta. De olhar para você, seus gestos, suas falas, seus sorrisos e olhares. E pensar que, talvez, seu lugar no mundo seja esse. Tentando ajudar a construir um futuro necessário, urgente. Inspirando essa nova geração tão especial com quem tenho o privilégio de trabalhar – Luiza, Rebeca, Luanny, Catarina e Giovanna, obrigada! Despertando um novo pensamento no executivo que ainda estava distante do tema. Bolando novos métodos, estratégias, formas, formatos. E sempre com a legião de outros pioneiros – com ou sem reconhecimento da ONU, o são – a fazer o mesmo. A lutar bravamente para que a temperatura do planeta não aumente mais do que o aceitável – não me arrisco mais a falar em graus -, para que a gente reveja nossos negócios, comportamentos, pensamentos.
Quando estava indo para a COP de Paris, em 2015, tive o seguinte insight sobre mim: “Eu não tive filhos, mas trabalho para deixar um mundo melhor para os filhos do mundo”. Talvez seja disso que se trata. Talvez a melhor moldura para este pensamento inspirador seja mesmo aquela noite em Nova York, véspera de retorno ao Brasil, depois de tudo. Sentada na Times Square, embaixo do painel da Reuters onde minha caricatura rosa de pioneira passava randomicamente. Eu ali, olhando para mim mesma, no local icônico da cidade que nunca dorme, degustando cada segundo daquele momento mágico. Que bom que o painel era alto, que eu tinha que ficar com a cabeça voltada para cima a fim de me ver. Pois é a postura que se deve ter neste momento: elevar os olhos para o céu e agradecer.