O encontro foi promovido pelo Projeto Empoderando Refugiadas em parceria com a WeWork. Cerca de 20 representantes de empresas participaram da dinâmica
O encontro foi promovido pelo Projeto Empoderando Refugiadas em parceria com a WeWork na segunda-feira (2/12). Cerca de 20 representantes de empresas participaram da dinâmica
4 de dezembro de 2019 – De um lado, empresas que buscam diversidade de talentos. De outro, mulheres refugiadas que necessitam de uma colocação no mercado de trabalho brasileiro. Foram estas necessidades que possibilitaram o encontro destes dois grupos para uma dinâmica de empregabilidade em São Paulo, na última segunda-feira (02). O encontro, realizado em parceria com a We Work, reuniu cerca de 20 representantes de empresas com as atuais participantes do Projeto Empoderando Refugiadas para uma sessão de entrevistas e networking.
Às empresas que compareceram, a dinâmica representou uma abertura de horizontes para culturas, sotaques e talentos do mundo todo. Para muitos profissionais, esse foi o primeiro contato com pessoas em situação de refúgio, como contou Flávia Maciel, coordenadora de Recursos Humanos da rede Drogaria São Paulo. “O encontro foi incrível. Elas [as refugiadas] são bem experientes, bem desenvoltas e trazem muita bagagem, não só profissional, mas também de vida.”
O encontro foi realizado de maneira que as refugiadas fossem direcionadas a empresas que oferecem oportunidades em suas áreas profissionais de interesse. Essa foi a chance de mostrar todo o potencial que carregam a quem pode promover uma recolocação no mercado de trabalho.
“Pude fazer entrevistas com profissionais de diferentes áreas. Quero trabalhar com atendimento, onde eu possa usar meu conhecimento de inglês e espanhol, e considero minha experiência compatível com as oportunidades” – afirmou Maria de Los Angeles, refugiada venezuelana que participa do projeto.
Batoul, que é natural da palestina, é outra participante que pôde reconectar-se a profissionais de seu ramo de atuação. “Foi muito bom porque fiz entrevistas com diferentes empresas e há oportunidades em minha área, que é a farmacêutica.”
Contrapartidas e Desafios
Em termos de contrapartidas – tanto a quem contrata, quanto a quem busca emprego – a relação entre empresas e refugiadas possibilita um ‘match’ interessante quando se considera, por exemplo, os diferentes idiomas e a cultura empresarial de outros países.
“Sei como são difíceis as oportunidades no Brasil para quem não é brasileiro e, além disso, precisamos de pessoas que falem espanhol dentro da empresa. Já temos pessoas de outros países latino-americanos trabalhando conosco e estamos buscando mais, então achamos muito boa a oportunidade” – revelou Norberto Sala, CEO da Replikante.
Já outras empresas, que não buscam um perfil específico para contratação, enxergam na diversidade a contrapartida que necessitam para o ambiente de trabalho, como revela Joseane Sobral, business partner da Gerdau. “A diversificação de conhecimentos é uma possível contrapartida para nós, além de trazer uma nova visão de mundo e de mercado para a empresa.”
Os profissionais também identificaram alguns possíveis desafios na relação entre empresas e refugiadas, baseado na experiência com a dinâmica. “A barreira de língua é algo a se considerar mas não me parece tão grande. Talvez o maior desafio seja a barreira cultural da própria empresa” – ponderou Paulo Audician, consultor de Recursos Humanos na rede Drogaria São Paulo.
O Empoderando Refugiadas
O Empoderando Refugiadas está em sua quarta edição e trabalha a empregabilidade de mulheres em situação de refúgio em São Paulo (SP) e Boa Vista (RR), além do engajamento de empresas sobre a contratação de imigrantes refugiados.
Em São Paulo, durante o segundo semestre de 2019, as atuais participantes do projeto completaram um ciclo de workshops de preparação para o mercado de trabalho. A segunda etapa desta edição contempla encontros com representantes de empresas e dinâmicas de empregabilidade.
O projeto é uma parceria entre a Rede Brasil do Pacto Global, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a ONU Mulheres. A seleção de participantes é feita em parceria com o Programa de Apoio para Recolocação de Refugiados (PARR) – iniciativa da empresa EMDOC. Outros parceiros estratégicos são a Fox Time, o Grupo Mulheres do Brasil, a Migraflix, a We Work e a Caritas São Paulo.
O Empoderando Refugiadas conta com o apoio da ABN AMRO, Carrefour, Conselho Britânico, Facebook, MRV, Lojas Renner e Sodexo.