Trabalhadores em uma fábrica de vestuário em Bangladesh.
Por Maria Garcia
Signatárias da Rede Brasil do Pacto Global fazem parte da maior discussão global sobre os impactos do setor privado na proteção dos direitos humanos. O Fórum de Empresa e Direitos Humanos das Nações Unidas promove boas práticas de implementação dos Princípios Orientadores sobre Empresas e Direitos Humanos (POs), um conjunto de regras internacionalmente aceitas para que empresas previnam graves violações aos direitos humanos no mundo e protejam pessoas em situações de vulnerabilidades nas suas cadeias de produção e distribuição. O evento ocorre entre os dias 26 e 28 de novembro, em Genebra, na Suíça, e pretende detalhar ações que são exemplo em termos de governo, sociedade civil e práticas empresariais (Business respect for human rights – building on what work).
Empresas e Direitos Humanos: Como tudo começouDesde 2012, as Nações Unidas buscam mobilizar com o Fórum empresas e organizações para promover o diálogo que pauta os direitos humanos. O debate que inclui o setor privado como responsável por garantir os direitos humanos, contudo, deu início na década de 90. Companhias de óleo, gás e mineração passaram a atuar fora das jurisdições nacionais e em áreas de risco, chamando atenção do mundo. Também se tornou comum denúncias de off-shores de calçados e roupas que submetiam crianças e adultos a péssimas condições de trabalho, grande parte em países em desenvolvimento.
Uma equipe especial liderada pelo então Representante Especial do Secretário-Geral, John Ruggie, desenvolveu no final dos anos 2000 um modelo pragmático de esforços para fortalecer a promoção e proteção dos direitos humanos no que se refere a empresas. O sistema de governança se baseou em três pilares: a obrigação do Estado de proteção, a responsabilidade empresarial em respeitar e a necessidade de expandir o acesso de vítimas a meios eficazes de remediação, seja por meio judiciais ou extrajudiciais. O grupo atuou em conjunto com redes voluntárias em vários países e utilizou pesquisas feitas em regime pro bono por escritórios de advocacia.
Uma das medidas finais da equipe foi apresentar o Quadro Referencial “Proteger, Respeitar e Remediar” em junho de 2008 para o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Enquanto o quadro aborda o que deve ser feito, os Princípios Orientadores, aprovados em 2011 pelo Conselho, tratam de como fazer. Para monitorar as ações das empresas e avaliar se os princípios estão sendo postos em prática, foi criado o Grupo de Trabalho sobre Direitos Humanos, Empresas Transnacionais e Outras Empresas. A equipe voluntária formada por especialistas independentes visitou oficialmente o Brasil em dezembro de 2015 e divulgou relatório oficial sobre assuntos como Belo Monte, desastres ambientais e direitos dos povos indígenas.
Pacto Global e Direitos HumanosO Pacto Global é uma das iniciativas das Nações Unidas que visa promover uma agenda propositiva para empresas quanto à proteção de indivíduos contra violações de direitos humanos. Seguindo os Princípios Orientadores e os dez Princípios do Pacto Global, a Rede Brasil oferece treinamentos de Due Diligence de Direitos Humanos por meio do Grupo Temático (GT) de Direitos Humanos e Trabalho. Além disso, realiza webinars periódicos com parceria de companhias participantes do GT. O próximo desafio das signatárias da Rede Brasil é adotar no país novas ferramentas de proteção e remediação a partir do diálogo com a comunidade empresarial no Fórum.
Confira a agenda de participação das signatárias da Rede Brasil do Pacto Global no Fórum:
Opening Plenary
Tânia Cosentino – SDG Pionner 2017 e Presidente da Schneider Electric na América do Sul
Dia 26 de novembro, às 11h (8h, horário de Brasília)
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Assista ao vivo
Snapshot: How investing in basic sanitation can help guarantee women’s rights: a case study from Brazil
Tereza Vernaglia – CEO BRK Ambiental
Dia 27 de novembro, às 12h30 (9h30, horário de Brasília)
Assista ao vivo
Developing a gender lens to business and human rights
Juliana Ramalho – Sócia do Escritório Mattos Filho
Dia 27 de novembro, às 3 pm (12h, horário de Brasília)
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